13 de maio de 2011
Por Ingrid SchumannIlustrações de Ildo Nascimento
O Dia Mundial da Luta Antimanicomial, comemorado todo 18 de maio, continua a procurar mais espaço no cenário brasileiro. Com o foco de erradicar a discriminação, defende tratamentos alternativos para os pacientes psiquiátricos ao invés da internação em manicômios. No entanto, o movimento anti-reformista, que é a favor da existência de hospícios, também tem conquistado adeptos. Procurados, nenhum integrante deste setor quis dar entrevista.
O deputado estadual Carlos Minc, defensor da causa antimanicomial, classifica a disputa como uma prova. “Acho que o grande desafio dos psicólogos, dos psiquiatras, militantes da reforma psiquiátrica, dos parlamentares e do sistema de saúde pública é fazer avançar as alternativas para impedir o que está se anunciando que é um retrocesso da reforma psiquiátrica”, disse o deputado.
Esta reforma, amparada pela lei nº 10.216/2001, é uma referência no assunto. De acordo com o site do Ministério da Saúde, três dos seus objetivos são reduzir o número de leitos de baixa qualidade, qualificar a rede extra-hospitalar e incluir ações da saúde mental na atenção básica.
A psicóloga Cristiane Knijinic, da Sociedade Brasileira de Psicologia, também é a favor da reforma. Para ela, nos casos em que a internação precisa ser realizada deve ser feita em um hospital geral, e não em um psiquiátrico. Nessa situação, o paciente fica internado por no máximo um mês e, durante esse tempo, deve receber acompanhamento para se descobrir qual rede de atendimento extra-hospitalar pode buscar quando sair.
No entanto, de acordo com Cristiane, ainda é comum a internação desnecessária. “Às vezes tem pessoas com uma crise grave, mas que a família, os vizinhos ou alguma rede tem condições de continuar cuidando delas, às vezes não. Às vezes uma crise muito menos grave, a família tem que trabalhar, tem uma fragilidade que não tem como manter aquela pessoa em casa. É isso que a gente tem que estar vendo, onde é que a gente vai intervir”, declarou a psicóloga.
Um dos tratamentos alternativos incentivados pela luta é a musicoterapia, que auxilia não só no cuidado como também na reintegração social dos pacientes. O grupo Cancioneiros do IPUB é um exemplo dessa categoria. Fundado pelo musicoterapeuta e especialista em saúde mental, Vandré Vidal, é formado por pacientes do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
Para Vidal, “a musicoterapia trabalha exatamente na questão do não-verbal. Então o paciente às vezes não consegue falar, mas consegue se expressar através de um instrumento, através de uma canção”.
A cantora Jana Queirós, uma das vocalistas do grupo, credita grande valor a iniciativa. “Você às vezes se depara com um projeto desses, você fala, caraca, isso é demais, porque pô, pelo menos eu tô em tratamento, mas eu tenho uma banda, eu tô ganhando um cachê, entendeu. Isso é muito gratificante”, disse Jana.
O Dia Mundial da Luta Antimanicomial já é comemorado há mais de 20 anos no país. Na cidade do Rio de Janeiro, a data será celebrada na Cinelândia, Centro.
PROGRAMAÇÃO NA CINELÂNDIA EM 18 DE MAIO:
15h – Esquenta: Grupo Pirei na Cena
– Coletivo Carnavalesco Tá Pirando Pirado Pirou
– Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana
– Abertura: Zé Tonhão (ator Rafael Carvalho)
16h30 – Chama: Cancioneiros do IPUB
16h45 – Chama: Chacal
17h – Chama: Harmonia Enlouquece
17h30 – Chacal
17h45 – Exibição TV Pinel
18h05 – Chicas
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