22 de janeiro de 2011
Por Marco Vito OddoAndré Dias, que fez mestrado em educação brasileira, considera que as notas explicativas propostas pela Secretaria de Igualdade Racial seriam desnecessárias se o sistema de educação recebesse mais investimentos. Segundo ele, não há um programa de educação para os próximos 10 anos e, mesmo com a melhoria das universidades, o ensino básico continua em estado precário. “O sistema de educação está em crise, falido, e isso se reflete tanto no corpo docente como no discente”.
André considera que o professor tem que ser também um leitor, para que possa influenciar a leitura e esclarecer as possíveis contradições presentes em cada obra. Porém, o contexto atual é desfavorável: “professores recebem pouco incentivo e para terem um bom salário acabam lecionando por 40 horas semanais, sem contar com o período dedicado em casa a provas e trabalhos. Não há tempo para leitura”. O papel do educador é também incentivar discussões que contribuam para o aprendizado do aluno, e a obra de Monteiro Lobato oferece inúmeras oportunidades para isso. Mas, primeiro, constata o professor, “é preciso vencer a etapa da leitura”.
Leitura e tecnologia digital
O desinteresse dos alunos pela leitura é também, muitas vezes, atribuído à evolução tecnológica, principalmente devido à predominância da imagem. André não nega as mudanças culturais ocorridas após a criação da televisão, da internet e dos games, mas não acha que as novas mídias precisem ser inimigas da literatura, pois a literatura é um discurso que pode ser apropriado por diferentes meios. André comenta que “ninguém mais anda com um papiro debaixo do braço”, por isso considera a internet mais uma ferramenta a ser utilizada para disseminar a leitura.
O professor argumenta que a dificuldade de se controlar o conteúdo que circula pela internet torna esse meio o principal inimigo do ‘politicamente correto’. Com a ampliação do uso da rede, a falta de controle pode apontar para a necessidade de se investir mais em educação, de forma a permitir que qualquer meio seja utilizado de forma crítica, sem que seu conteúdo precise ser censurado.
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