5 de dezembro de 2010
Por Luísa Mello e Débora Diettrich“Foi uma luta, fiquei 17 horas e meia na fila. Levei bastante cerveja e um dos meus amigos levou biscoitos. Passamos o tempo conversando, fazendo novas amizades, bebendo e jogando carta”, contou o estudante Marco Henrique Diniz.
Foram disponibilizados somente 30.170 bilhetes, apesar de a lotação máxima do estádio ser de 42 mil pessoas. Os preços dos ingressos variaram de R$60,00 (Setor Norte e Sul) a R$150,00 (Setores inferiores), o que causou muitas reclamações dos torcedores. “É um absurdo, cobrar 150 reais é um abuso, é usar a paixão do torcedor para ganhar dinheiro. Como o Engenhão não costuma ter um bom público ao longo do campeonato, eles querem compensar em apenas um jogo!”, reclamou Victor Machado, que, depois de horas na fila, acabou desistindo ao saber pela amiga que só restavam os ingressos mais caros.
O restante dos ingressos foi destinado a quem tem direito à gratuidade (idosos, deficientes físicos, menores de 12 anos), às torcidas organizadas e aos torcedores que possuem o “passaporte tricolor”. “Não precisei entrar em fila, eu tenho passaporte tricolor, você paga mensalmente e entra em todos os jogos em que o Fluminense tem mando de campo”, disse Tiago Valitutto.
Tumulto e esperança
O início das vendas estava marcado para as 9h do dia 1º, quarta-feira, porém o sistema online teve problemas, o que atrasou a venda em alguns locais. Cenas de desrespeito, descaso das autoridades e desorganização da empresa contratada para comercializar os ingressos foram vistas por todos os pontos de venda. Com a falta de policiamento, os próprios torcedores tiveram que se organizar.
“Ninguém organizava a fila, a polícia não tava ligando pra nada, acabou que nós mesmos puxamos um cordão de isolamento e ficamos ‘policiando’ a fila. Organizamos, também, uma lista com a ordem de chegada na fila, cada página da lista tinha um representante que ficava checando as pessoas”, contou Marco Henrique.
Entretanto, segundo o torcedor, isso não foi suficiente para manter a organização no posto de venda. “Lá na frente, perto da bilheteria, a confusão era tanta que muita gente conseguiu furar fila. Todo mundo ficou espremido e muita gente passou mal, inclusive uma mulher que estava na minha frente e teve que sair da fila”.
Para esses torcedores, o sonho de ver o time do coração ganhar o Campeonato Brasileiro não tem preço. Vale de tudo para estar no palco da final. Marco, por exemplo, justifica: “Tive que faltar aula na faculdade, perdi aula importantíssima de cálculo. Mas cálculo tem todo período, já o Fluminense não ganha o título há 26 anos!”
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