2 de setembro de 2011
Por Leonardo Pimentel FreireDecepção foi a palavra mais adequada para definir o sentimento dos estudantes, professores e funcionários da UFF que compareceram ao debate com representantes da Polícia Militar, na noite de 1º de setembro, no Instituto de Arte e Comunicação Social. Cansados com a sensação de insegurança nas imediações da universidade provocada pelos constantes assaltos, eles cobraram maior atenção policial ao Centro de Niterói e aos bairros Ingá e São Domingos, mas ouviram respostas prontas e não viram perspectivas de melhora. O início do encontro já não se mostrava nada animador: o comandante do 12º Batalhão da PM, tenente-coronel Paulo Henrique de Moraes, não pôde comparecer e mandou em seu lugar o capitão Hudson, acompanhado do soldado Boechat, responsável por fazer um relatório com as reclamações e entregá-las ao novo comando, já que tanto o tenente-coronel quanto o capitão deixariam em breve o Batalhão, de acordo com o tradicional rodízio que ocorre na corporação.
Radiotransmissores
Como única medida concreta, o capitão Hudson afirmou que imediatamente seriam fornecidos radiotransmissores aos vigilantes do Iacs, como já ocorre nas faculdades vizinhas (Economia e Direito). Através desse equipamento, os vigilantes podem entrar em contato direto com a patrulha universitária, formada por dois policiais. Segundo o capitão, o aparelho facilita a atuação da polícia: “Se perceber alguma movimentação suspeita ou for avisado por algum aluno, o vigilante aciona diretamente a patrulha universitária. Isso diminui a burocracia de ligar para o 190 e facilita a atuação policial”.O público ficou surpreso com a informação de que existiam apenas dois policiais responsáveis pela segurança da região. O capitão tentou se defender. “Temos essa patrulha específica para os universitários, mas temos outras destinadas à região que cobrem além da universidade”. Hudson deixou claro que a medida seria implantada prontamente. “Amanhã já teremos o aparelho no Iacs”.
Uma surpresa no registro do B.O.
A frequência dos assaltos levou estudantes da universidade à criação de um site para mapear crimes em Niterói. O capitão Hudson questionou a iniciativa: segundo ele, muitos estudantes são roubados, mas não fazem boletim de ocorrência. “A gente confrontou os dados do site, não bateram com os nossos registros. É importante registrar a ocorrência, para mapearmos as regiões mais afetadas”.
Estudante de Publicidade, João Noronha já foi assaltado com dois colegas nas proximidades da universidade e foi à delegacia, mas recebeu resposta surpreendente. “Fizemos o boletim de ocorrência no dia seguinte. Quando relatamos o que ocorreu, um policial nos disse: mas vocês foram passar logo nessa rua (São Sebastião)? Vocês não deveriam andar por lá!”
Ataques previsíveis
A falta de policiamento ostensivo à noite, horário de saída da maioria dos estudantes, também foi foco de reclamação. Chefe do Departamento de Comunicação Social, a professora Lilian Ribeiro comentou: “É de conhecimento de todo mundo que, a partir das 22h, você está correndo risco. A diferença é que antes um ou dois eram pegos, agora são assaltados grupos de sete, oito pessoas”. E reivindicou: “Eu não vejo polícia circulando à noite. Vocês não podem colocar uma patrulha em frente ao IACS?”.
O capitão afirmou que não há como destinar uma patrulha para cada campus, pois as reclamações acontecem em todos os lugares. O estudante de Publicidade Andrew Costa afirmou não entender o critério de distribuição dos policiais. “Quando os estudantes ocuparam a Reitoria (na semana anterior), havia várias viaturas da Polícia Militar e até da Polícia Federal. Nas ruas, a gente não vê nenhum policial”.
O capitão desmentiu os rumores de que a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas do Rio tenha causado migração de assaltantes e mais roubos em Niterói. “Apenas dois por cento dos elementos presos em Niterói fugiram de favelas com UPP no comando do tenente-coronel Paulo Henrique”, calcula.
O debate foi organizado e mediado pelo diretor do Iacs, Leonardo Guelman. Também compareceram os diretores das faculdades de Economia, Alberto Di Sábato, e Direito, Edson Alvisi, além do Pró-Reitor Administrativo da UFF, Leonardo Vargas.
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