14 de abril de 2015
Entretanto, elas estão cada vez mais conquistando espaço na sociedade e garantindo seus direitos, e é isso que o Cadernos de Reportagem mostrará com a nova série temática "Empoderamento da Mulher".
De acordo com o Censo 2010, as mulheres obtiveram sua maior participação no mercado de trabalho na história do país. Elas representam 58,8% da mão de obra assalariada no Brasil, porém recebem, em média, 25,8% menos do que os homens.
A matéria "Mulheres como protagonistas de suas famílias", feita por Samil Chalupe com as responsáveis pelo Banco Comunitário do Morro do Preventório em Niterói, mostrou os benefícios conquistados pelas mulheres que ingressam no mercado de trabalho. Um exemplo disso é a bancária Sônia Maria Faria, que passou 18 anos com depressão e conseguiu se livrar da doença quando começou a participar de atividades na comunidade. Hoje divorciada, Sônia compõe outro número revelado pelo Censo de que 37,3% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres.
Confirmando os dados do material pesquisado, a reportagem "Empreendedorismo Feminino: as donas do negócio", de Isabella Zonta e Julia Ferraro, discute os dados do relatório Global Entreprernouship Monitor (GEM), do Sebrae. Os dados divulgados pela pesquisa comprovam o crescimento do número de mulheres em cargos de chefia e donas do próprio negócio na última década no Brasil. Uma explicação para isso é o fato de as mulheres terem características inerentes que lhes proporcionam vantagens competitivas. Em entrevista às repórteres, Alexandre Caseira, coordenador do Instituto Empreender Endeavor no Rio de Janeiro, afirma ver panoramas comuns a homens e mulheres quando o assunto diz respeito às dificuldades impostas aos empresários no Brasil. A fim de demonstrar com bons exemplos da atuação feminina no mercado de trabalho, Isabela e Júlia ainda entrevistaram empreendedoras de sucesso, como Márcia Pinto e Renata Goulart, criadora e atual dona do Cozinhando em Casa, respectivamente, e Thabata Isabbor, artista burlesca e professora de dança.
A reportagem "Regulamentação da prostituição e feminismo: um debate sobre mulheres marginalizadas", de Tatiana de Carvalho, problematiza a situação das prostitutas no Brasil. Uma invasão policial a um prédio onde cerca de 400 mulheres se prostituíam, em Niterói, foi alvo de denúncias de violações de direitos humanos. Agressões, roubos e estupros foram denunciados por Isabel (nome fictício), uma das prostitutas que trabalhavam no local. As acusações foram feitas em uma audiência pública que aconteceu em 4 de junho de 2014, duas semanas após o caso. O coordenador da Coordenadoria de defesa dos Direitos Difusos e de Enfrentamento à Intolerância Religiosa (Codir), da Prefeitura Municipal de Niterói, Renato Almada, acredita que a regulamentação da prostituição poderá proteger as prostituas desse cenário de vulnerabilidade. No movimento feminista a discussão sobre a regulamentação tem como base a preocupação com as prostitutas. O debate no feminismo é construído, principalmente, a partir da dicotomia dignidade da mulher x autonomia da mulher.
Essa discussão também abre espaço para muitas outras, dentre elas a liberdade sexual feminina, que é tabu na sociedade. O tema é tratado na reportagem de abertura da série, "Pornografia: a busca feminina num espaço dominado por homens", de Cecília Boechat e Gabriella Balestrero. Apesar da expansão do consumo feminino na indústria pornográfica, ainda hoje há muito preconceito. Além da pressão social, outro problema que dificulta a satisfação por parte das mulheres com a pornografia é a falta de representatividade neste tipo de produto. Por isso, muitas mulheres buscam uma pornografia diferente da mainstream (XVideos, PornHub, YouPorn, RedTube etc), e muitas delas encontram o que procuram na pornografia feminista, que leva em consideração o prazer tanto da mulher quanto do homem.
E falando do corpo feminino, a série traz ainda a reportagem "Nudez na era digital", de Marcella Ramos. A matéria aborda o tabu em torno da figura nua feminina. As redes sociais excluem, por exemplo, postagens em que mães amamentam em público. Já uma mulher que faz topless pode pegar de um a três meses de detenção. Além disso, a reportagem discute a vida de jovens que têm fotos íntimas vazadas na internet.
A nova série de reportagens procura esclarecer e discutir diversos pontos dessa relação entre mulher e sociedade.
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