1 de agosto de 2013


A realização da Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016 tem provocado uma série de transformações na infra-estrutura urbana do Rio de Janeiro, com impacto nas áreas de habitação, transporte e segurança pública. Comemorada por autoridades públicas nas três esferas de governo, a escolha da cidade como sede dos megaeventos esportivos tem levantado também discussões sobre o chamado legado esportivo. Porém, diante do custo elevado das obras, denúncias de superfaturamento e violação de direitos humanos com políticas arbitrárias de remoção de famílias, a quem interessa a modernização do Maracanã e o projeto olímpico? Para fazer essa reflexão, o Cadernos de Reportagem preparou uma edição especial sobre os megaeventos esportivos no Rio de Janeiro, com uma série de matérias produzidas por alunos do 3º período de Oficina de Reportagem do curso de Jornalismo da UFF. 

Um dos temas trazidos pelo dossiê temático inclui a falta de incentivo aos atletas brasileiros justamente no país escolhido como sede das Olimpíadas. Na reportagem “Gentrificação e falta de apoio a atletas marcam megaeventos no Brasil”, Gabriel Sales e Lucas Farizel apontam as contradições do projeto olímpico. Para isso, ouviram pesquisadores da UFF e representantes da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecierj). Um caso emblemático foi o fechamento do velódromo da Barra que deixou ciclistas e atletas da patinação de velocidade e da ginástica artística sem um local adequado para treino. 

Em outra matéria, Jéssica Pietrani e Gabriela Antunes abordam a política de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e suas relações com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A matéria “Esquema tático de segurança pública põe em xeque diferenças sociais” repercute a decisão do governo de privilegiar áreas onde há grande circulação de turistas e moradores de maior poder aquisitivo, o chamado “cinturão de segurança”, em detrimento de outras áreas normalmente esquecidas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 

Outras duas reportagens apresentam um contraponto crítico sobre a construção e modernização dos estádios brasileiros e as ligações do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, com o período da Ditadura Militar no Brasil. Em “Quero ou não quero cadeira numerada?”, Fábio Peixoto e João Pedro Soares apresentam o processo de exclusão do torcedor comum, de baixa renda, nas modernas arenas de futebol diante do aumento do preço dos ingressos. Já Douglas Dayube e Vinícius Mathias conseguiram uma entrevista exclusiva com Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, uma das vítimas da ditadura militar no país. Ivo elaborou uma petição para retirar José Marin da Presidência do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo. A íntegra da entrevista “É um absurdo ter o Marin representando a Copa do Mundo” e as outras matérias podem ser conferidas nesta nova série jornalística do Cadernos de Reportagem

Boa leitura!
Marcio Castilho

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