Renovação da frota melhora circulação de ônibus no Colubandê

25 de maio de 2012
Por Vinícius Damazio
Ilustração de Ildo Nascimento


Sete anos depois da primeira tentativa de implantação de transporte público na região, os moradores de Capote, sub-bairro do Colubandê, em São Gonçalo, já não vão mais amargar uma hora inteira mofando no ponto de ônibus e terão carros novos para viajar.

A linha 486M, Niterói - Parque Eldorado (via Fazenda Colubandê), administrada pela empresa Fagundes, foi inteiramente renovada. A frota original, do tipo microônibus, rodava com ar condicionado desligado, janelas emperradas e cadeiras reclináveis quebradas, que desabavam com qualquer movimento. A nova frota, do tipo executivo, começou a circular há poucos dias, aposentando os coletivos deteriorados.


Mas a melhoria nos horários se restringe aos períodos de maior movimento: a promessa é de que, das cinco às oito da manhã, o intervalo entre os ônibus seja de 15 minutos e, das 15h30 às 20h30, de meia hora. Mais ônibus para chegar ao trabalho, menos para voltar para casa. Quem necessitar de transporte fora desses horários vai continuar precisando de paciência.

Não foi possível esclarecer com a empresa o motivo dessa distribuição. Telefonemas para a Fagundes não foram atendidos e o e-mail cadastrado no Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) sequer existe. Um motorista desconfiado com as perguntas da reportagem arrisca um motivo: “Pensa como empresário: não dá gente. Aparecem duas ou três pessoas... Não vale a pena. Agora não (eram seis da tarde). Mesmo se eu vou com o carro vazio, encho na volta”.


Cortando caminho


Com essas mudanças, os passageiros esperam que um antigo hábito tenha ficado para trás. Volta e meia os motoristas cortavam caminho e seguiam direto para a Rodovia Amaral Peixoto, ignorando o itinerário regular, que os obrigaria a passar pelas ruas internas. E esse hábito nem era consequência de pressão da empresa pelo cumprimento de um horário rígido. Como disse um motorista que não quis se identificar – e fechou a cara diante da pergunta –, “é para largar mais cedo, né... fechar o horário...”. “Parece que não há fiscalização. Alguns motoristas cortam caminho e pegam direto a estrada. Quem já espera bastante, tem que esperar mais”, reclamava o aposentado Nilton Soares, de 70 anos, antes das mudanças.


Gratuidade, só para poucos

 

Nilton aponta ainda outro problema: a dificuldade de garantir o transporte público gratuito para deficientes físicos, idosos e estudantes. Tanto a 486M quanto a linha municipal 26, Parque Eldorado – Boa Vista, administrada pela Asa Branca Gonçalense, (a outra que serve ao bairro), só possuem carros de uma porta. A gratuidade nestes modelos não está prevista na legislação. Para o aposentado, os motoristas da 26-A dizem que, por ordem da empresa, somente três entradas de maiores de 65 anos são permitidas. Os demais são barrados na roleta e têm que esperar por outro ônibus, mesmo que possuam o RioCard Sênior.

Esta situação pode mudar, dependendo do resultado da votação, na Câmara de São Gonçalo do projeto de lei que modifica o artigo 27 da Lei 218/09, que concede gratuidade apenas aos coletivos de duas portas. A proposta é estender o benefício a qualquer transporte coletivo.

Para os cadeirantes, mais dificuldades


A viação Asa Branca, que opera apenas linhas municipais, é a única empresa de São Gonçalo que não possui ônibus adaptados a usuários de cadeira de rodas. A frota é antiga e constantemente dá problemas. Trabalhando em péssimas condições, os motoristas acumulam também a função de cobradores.

Quando as roletas emperram, o motor esquenta ou a sineta para de funcionar, passageiros e motoristas dependem do pouco de paciência que os engarrafamentos rotineiros ainda não tiraram. A cidade, a segunda mais populosa do estado e a 16ª mais populosa do país, carece de um sistema de transporte à altura de seu tamanho.

A reportagem tentou entrar em contato com a empresa, mas não houve resposta. Quem se sentir prejudicado pelo serviço deve buscar a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) pelo telefone 0800 886 1000. É mantida uma central de relacionamento, com um sistema que registra, classifica as reclamações e determina um tempo de resposta da empresa ao cliente. O portal Reclame Aqui também é um bom meio, possui um sistema aberto de reclamações quanto a atendimento, compra, venda, produtos e serviços.


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